Previ: Por que fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3) está na mira do TCU?
TCU vai abrir uma auditoria para avaliar as contas da Previ, após queda dos resultados em 2024.

O TCU (Tribunal de Contas da União) vai abrir uma auditoria para avaliar as contas da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3).
A avaliação do ministro do TCU Walton Alencar Rodrigues é de que o fundo vem apresentando rendimentos insatisfatórios e, por isso, poderia provocar danos aos seus beneficiários e ao próprio Banco do Brasil.
A Previ, no entanto, nega desequilíbrios e garante que não há "nenhum risco de equacionamento, nem de pagamento de contribuições extraordinárias pelos associados ou pelo Banco do Brasil".
O que diz o TCU?
⚖️ O ministro Walton Alencar Rodrigues afirmou na última quarta-feira (5) que os resultados da Previ no ano de 2024 "dão causas a gravíssimas preocupações".
Segundo ele, o Plano 1 da Previ "acumulou prejuízo de aproximadamente R$ 14 bilhões" entre janeiro e novembro de 2024. Um resultado "em total discrepância com o acumulado positivo de cerca de R$ 5,5 bilhões, no ano de 2023, e os mais de R$ 5 bilhões, no ano de 2022".
O ministro disse ainda que esse plano rendeu "o ínfimo percentual de 1,58%, enquanto no ano anterior, em 2023, o rendimento foi de 16,12%".
"Isto significa que, nem mesmo um percentual insignificante de 15% da Selic, os investimentos do 'Plano Previ' estão rendendo. E tal fato é seríssimo, elevando os riscos dos segurados", afirmou.
O ministro ainda citou a possibilidade de danos ao Banco do Brasil, dizendo que, em caráter extraordinário, o banco poderia ter que contribuir paritariamente com os segurados da Previ.
Diante disso, Walton Alencar Rodrigues pediu a abertura com urgência de uma auditoria sobre as contas da Previ. A plenária do TCU aprovou o pedido. Contudo, ainda não há prazo definido para o início do trabalho.
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O que diz a Previ?
💲Em nota, a Previ disse que os seus planos continuam em equilíbrio, apesar da volatilidade que marcou o mercado de capitais em 2024.
O fundo ainda negou quaisquer prejuízos, lembrando que o prejuízo só é consumado quando o investidor vende os seus ativos, o que não aconteceu.
"O déficit de um determinado período não pode ser confundido com prejuízo. São conceitos bem distintos. A Previ não precisou vender nenhum ativo em 2024 para recompor suas reservas ou cumprir com suas obrigações", declarou.
E seguiu: "Pelo contrário, segue saudável pagando mais de R$ 16 bilhões em benefícios por ano, inclusive com recursos oriundos de dividendos das empresas que possui em seu portfólio".
A Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) também posicionou-se sobre o assunto, dizendo que "a rentabilidade dos fundos de pensão deve ser analisada sob uma perspectiva de longo prazo, pois esses investimentos possuem ciclos extensos de acumulação de reserva e gestão previdenciária".
"É fundamental distinguir entre dois tipos de déficit: conjuntural e estrutural. O déficit conjuntural é passageiro e decorre de oscilações econômicas que afetam todos os agentes financeiros, não refletindo necessariamente problemas estruturais na gestão dos fundos. Já o déficit estrutural exige medidas de equacionamento, que têm sido eficazmente implementadas pela grande maioria das fundações", ressaltou a Abrapp.
Além disso, a Previ garantiu que segue boas práticas de gestão e governança e é fiscalizada pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar).
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Os investimentos da Previ
🏦 A Previ é a entidade fechada de previdência dos funcionários e aposentados do Banco do Brasil e também o maior fundo de pensão da América Latina.
Os recursos da Previ são provenientes de contribuições pessoais e patronais, além de outras contribuições especiais previstas no seu estatuto ou em instrumento específico.
Segundo a instituição, "estes recursos são investidos de maneira diversificada, de acordo com a Política de Investimentos, que é revista anualmente de forma criteriosa, de acordo com a necessidade de cada Plano de Benefícios".
"As Políticas de Investimentos são elaboradas com o objetivo de buscar a melhor rentabilidade possível, a fim de cumprir com o dever fiduciário de pagamento de benefícios, razão de ser da Previ", diz, em seu site.
Atualmente, a Previ conta com três planos principais:
- Plano 1: O plano de Previdência Complementar dos funcionários do Banco do Brasil admitidos até dezembro de 1997.
- Previ Futuro: O plano de Previdência Complementar dos funcionários que ingressaram no Banco do Brasil e na Previ após 24 de dezembro de 1997;
- Previ Família: Um plano de contribuição definida em que cada participante pode optar pelo perfil de investimento que melhor se adeque a suas necessidades (prudente, balanceado, ousado).
Por meio desses planos, a Previ investe em ações, títulos públicos e privados, fundos de investimento e outros ativos.
A Previ é, por exemplo, a maior acionista individual da Vale (VALE3). O fundo de pensão tem mais de R$ 23 bilhões aplicados na mineradora. E vale lembrar que as ações da Vale recuaram mais de 20% em 2024, o que impacto o resultado da Previ.
Além disso, o fundo carrega ações de empresas como Petrobras (PETR4), Neoenergia (NEOE3) e do próprio Banco do Brasil.
Veja a composição da carteira do Plano 1 da Previ, citado pelo TCU:
- Renda fixa: R$ 142,8 bi;
- Renda variável: R$ 63,7 bi;
- Investimentos imobiliários: R$ 13,2 bi;
- Operações com participantes: R$ 6,9 bi;
- Investimentos estruturados: R$ 253,2 mi;
- Investimentos no exterior: R$ 1,5 bi;
- Total investido: R$ 228,5 bi.

BBAS3
Banco do BrasilR$ 22,45
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