Mercado Livre (MELI34): Crise na Argentina e avanço do Rappi ameaça crescimento

Só no primeiro semestre, o país respondeu por US$ 2,9 bilhões em receita líquida, cerca de 23% do faturamento total da empresa.

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Publicado em 10/09/2025 às 16:39h - Atualizado 49 minutos atrás Publicado em 10/09/2025 às 16:39h Atualizado 49 minutos atrás por Matheus Silva
A Argentina tem sido peça-chave na reviravolta do Mercado Livre (Imagem: Shutterstock)
A Argentina tem sido peça-chave na reviravolta do Mercado Livre (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Mercado Livre (MELI34) voltou ao centro das atenções do mercado nesta semana, com analistas apontando dois novos focos de risco para a gigante do e-commerce: a fragilidade política na Argentina, país de origem da companhia e hoje um dos motores de seus resultados, e a entrada da Amazon no mercado de entregas ultrarrápidas por meio de uma parceria com a Rappi.

O governo do presidente Javier Milei sofreu uma derrota relevante ao perder espaço na província de Buenos Aires, considerada um termômetro eleitoral.

Para analistas do BTG Pactual (BPAC11), esse é um sinal de alerta em um cenário que, embora tenha mostrado avanços em variáveis macroeconômicas — como queda da inflação e fim de controles de capitais —, ainda é altamente volátil.

A Argentina tem sido peça-chave na reviravolta do Mercado Livre. Só no primeiro semestre de 2025, o país respondeu por US$ 2,9 bilhões em receita líquida, o que equivale a 23% do faturamento total da companhia.

A contribuição direta para o caixa foi de US$ 1,3 bilhão, com margem de 45%, representando quase metade do resultado consolidado.

Esse desempenho foi impulsionado, sobretudo, pela divisão de crédito, setor sensível a mudanças econômicas e regulatórias.

Por isso, uma piora no ambiente político pode comprometer investimentos recentes e enfraquecer a espinha dorsal financeira que o Mercado Livre construiu no país.

O BTG resume a equação como um jogo de “alto risco e alta recompensa”, no qual a execução será decisiva para manter a vantagem competitiva.

Amazon + Rappi: a nova frente de competição

Paralelamente, outro movimento chama atenção no setor. A Amazon anunciou uma parceria estratégica com a Rappi, que inclui uma nota conversível de US$ 25 milhões e a possibilidade de adquirir até 12% da companhia por meio de warrants.

O acordo prevê integração da Amazon com a rede de última milha da Rappi, especialmente em seu braço Rappi Turbo, que promete entregas em menos de dez minutos.

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Segundo o Santander, essa união sinaliza uma mudança no campo de batalha do e-commerce: a disputa tende a sair da escala logística tradicional para a densidade das entregas ultrarrápidas, englobando setores como supermercados, farmácias e conveniência.

No curto prazo, o impacto sobre o Mercado Livre é limitado, dada a robustez de seu ecossistema e a dificuldade de tornar sustentável o modelo de última milha.

No entanto, a partir de 2026, a competição por entregadores e a necessidade de subsídios mais agressivos podem ganhar relevância, pressionando margens.

Visão dos analistas

O consenso atual é que o Mercado Livre segue sólido e bem posicionado, mas os riscos começam a se acumular.

📊 A dependência crescente da Argentina coloca a companhia em rota de colisão com a instabilidade política local, enquanto a movimentação da Amazon com a Rappi pode redefinir o jogo do delivery na América Latina nos próximos anos.

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