Correios dá calote em FII e agora quer quebrar o contrato; cotas caem 5%

FII TRBL11 precisa fazer defesa para não perder aluguel de galpão logístico parcialmente interditado; entenda a situação

Publicado em 05/12/2024 às 15:27h - Atualizado 9 meses atrás Publicado em 05/12/2024 às 15:27h Atualizado 9 meses atrás por Lucas Simões

Fundo imobiliário fará defesa contra processo do Correios (Imagem: Shutterstock)

📉 As cotas do fundo imobiliário Tellus Rio Bravo Logística (TRBL11) chegaram a tombar mais de 5% nesta quinta-feira (5), com seu preço negociado na bolsa de valores brasileira caindo de R$ 61,29 no último fechamento para a mínima no dia de R$ 58,01.

Como pano de fundo, os investidores repercutem a informação de que o Correios, não satisfeito em atrasar o pagamento de aluguel aos investidores, pretende quebrar o contrato, já que o galpão logístico que ocupava em Contagem, na Grande Belo Horizonte, foi parcialmente interditado pela Defesa Civil desde o último dia 15 de outubro.

A partir dessa data, tanto a estatal quanto a administração do FII TRBL11 divergem sobre a continuação do pagamento dos aluguéis, que é fonte de receita relevante para que esse fundo imobiliário de logística siga mantendo o atual patamar de dividendos aos seus cotistas.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (4), pela gestora Rio Bravo Investimentos, foi dito que o Correios abriu um processo administrativo de rescisão unilateral do contrato de locação do Centro Logístico Contagem.

"O processo administrativo é um procedimento interno do Correios, no qual foi dada oportunidade para apresentação de defesa prévia pelo Fundo. Esse tipo de processo administrativo não substitui um processo judicial, trata-se de um procedimento típico de empresas públicas para apuração de fatos e tomada de decisão", explica a gestora responsável pelo FII TRBL11.

O que os cotistas do fundo imobiliário podem esperar agora?

Como próximos passos, o Tellus Rio Bravo Logística deverá apresentar defesa em um prazo de dez dias úteis no âmbito do processo administrativo. Tal manifestação do fundo imobiliário não dispensa a eventual tomada de medidas judiciais para exigir o cumprimento do contrato de aluguel pelo inquilino estatal.

⚖️ "O time jurídico da administradora já está trabalhando na estratégia jurídica para que a defesa administrativa seja feita de forma célere e técnica para serem afastadas todas as questões apontadas pelo Correios, bem como ocorra a manutenção do contrato de locação em vigor", afirma a Rio Bravo Investimentos, no documento.

Dessa maneira, quaisquer atualizações serão prestadas de forma imediata para os cotistas e o mercado, inclusive após a apresentação da defesa do FII TRBL11.

Por que o galpão logístico ocupado pelo Correios foi interditado?

Toda essa treta começou porque uma área de 6% no Centro Logístico de Contagem, localizado em Minas Gerais, alugada para a estatal e de propriedade do fundo imobiliário foi interditada pela Defesa Civil em meados de outubro de 2024.

Vale destacar que, desde a data da interdição parcial do galpão logístico, as cotas do FII TRBL11 acumulam desvalorização de 36% até o momento.

🏃 Dada a situação, os inquilinos preferiram, sem qualquer fundamento legal ou contratual, desocupar integralmente o galpão logístico antecipadamente no último dia 13 de outubro, paralisando suas atividades por determinação própria.

Assim, o Correios alega que só pagará o aluguel apenas o período até o dia 13 de outubro, data inclusive anterior à visita da Defesa Civil que interditou apenas 6% da área correspondente ao galpão logístico do FII TRBL11.

Segundo o contrato de locação, o aluguel deve ser pago integralmente até o dia 15 de outubro de 2024 (data da interdição parcial) e, proporcionalmente (com desconto de 6%), até o dia 25 de outubro de 2024.